miércoles, abril 6

Ana de Abrão Merij







Das horas amargas


sou esta hora que sangra, dentro dos uivos das feras
as minhas palavras são roxas, e a minha alma é rocha
morro-me nas gargantas famintas dos dias de pedras


de tudo, pouco sei:
nada além de uma ausência sem principio e sem fim
maior que as agonias dos gritos no inferno de Dante
sarça ardente a rasgar caules, folhas e raízes de mim


sei apenas:
desta  dor a roer as superfícies e bordas
desta  água viscosa, que nunca evapora
deste  rio rubro , que jamais desemboca
desta  chaga abismal,que ninguém toca


e dai?
nada disto importa:
- outras horas [não as minhas] continuam intactas lá fora...

ana de abrã omerij
abril/2011

Brasil 


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